Novela boa é novela com hit
Colunistas Vanessa Pinheiro

Novela boa é novela com hit

Crédito: Coline Haslé / Unsplash

A reta final de “Vale Tudo” trouxe de volta aquela sensação de que finalmente temos uma novela para chamar de novela. Nem precisa acompanhar novela para ouvir uma música e lembrar de um personagem ou de uma cena específica. É fácil tocar “Modinha para Gabriela”, de Gal Costa, e lembrar de Sônia Braga. Ou escutar “Pecado Capital”, de Paulinho da Viola, e pensar naquela cena de Francisco Cuoco e a mala de dinheiro. Não tem como ouvir “Love by Grace” e não lembrar de Carolina Dieckmmann raspando o cabelo. Às vezes uma música lembra uma novela inteira, como “Pavão Mysteriozo”, de Ednardo, que virou a cara de “Saramandaia” — e daquele episódio vexatório da política nacional.

Os discos que compilavam as trilhas sonoras de novelas foram sucesso por muito tempo. O álbum com mais vendas foi da novela “O Rei do Gado”, exibida entre 1996 e 1997, que vendeu mais de 2 milhões de cópias. Mas nem sempre foi um compilado de músicas da época.

Antigamente, grandes compositores eram convidados para fazer canções baseadas em cada personagem ou núcleo. Foi o caso da trilha de “Irmãos Coragem”, exibida de 1970 a 1971. Depois, as trilhas originais foram se misturando às trilhas adaptadas e a músicas já conhecidas, que voltavam ao radar por conta do horário nobre.

Hinos do horário nobre

Nessa publicação, o IVDMC (Instituto Vozes da Minha Cabeça) compilou as melhores trilhas sonoras nacionais de novelas do horário nobre, sem ordem específica.

  • Amor de Mãe” (2019–2021) traz a lembrança de cheiro de máscara cirúrgica, de álcool em gel. Mas a trilha sonora marcou a época, principalmente por ser tão eclética. Da abertura com a clássica “É”, de Gonzaguinha, até “Bloodflood”, de Alt-J. No meio da salada também tem Elza Soares e BaianaSystem, Caetano Veloso e Duda Beat.
  • A trilha sonora de “Celebridade” (2003–2004) é uma dualidade. Porque, ao mesmo tempo que tem aquele ar chique, com Nana Caymmi, também tem o samba “Tempo de Dondon”, interpretado por Dudu Nobre, que virou paródia política no finado Casseta & Planeta. E quem assistiu a essa novela com certeza lembra do refrão “Money no bolso, é tudo o que eu quero” e, talvez, da saia plissada da personagem de Deborah Secco.
  • Exibida em 2012, “Avenida Brasil” é um clássico desde sempre. A trilha é muito brasileira: sertanejo universitário, brega, samba, pagode, MPB e até tecnobrega paraense. O noveleiro que não cantou “Eu quero ver tu me chamar de amendoim” está vendo novela errado. Lamento.
  • Mesmo indo ao ar entre 1985 e 1986, “Roque Santeiro” é lembrada até hoje, quase 40 anos depois. É só começar “Dona”, do Roupa Nova, que a imagem da Viúva Porcina aparece. A composição é da dupla Sá & Guarabyra, que recebeu pedido do próprio Dias Gomes, autor da trama, para compor a música do protagonista.

Como menção honrosa (e completamente fora do critério), ficam as trilhas sonoras da saudosa “Malhação”, em qualquer época. Era como ver um pedaço do Disk MTV na Globo. Ou para conhecer artistas que nunca mais emplacariam nenhum sucesso e cairiam no esquecimento na próxima temporada do folhetim. Tempo bom, viu…

Veja a publicação anterior da coluna:

Vanessa Pinheiro

Colunista
Vanessa Pinheiro é jornalista e apaixonada por música. (Quase) sempre de fone de ouvido, explorando o universo sonoro sem rótulos: de clássicos lendários a descobertas recentes. Um mergulho nas histórias, influências e na emoção que faz um acorde vibrar mais fundo.
    • 4 semanas ago

    […] Novela boa é novela com hit […]

Leave feedback about this

  • Quality
  • Price
  • Service

PROS

+
Add Field

CONS

+
Add Field
Choose Image
Choose Video