Quais os rumos da gastronomia amazônica? Chef Felipe Castanho aponta tendências e desafios
Chá de Canela Videocast Revista CDC

Quais os rumos da gastronomia amazônica? Chef Felipe Castanho aponta tendências e desafios

Castanho destaca que a busca por sabores autênticos da Amazônia vem crescendo. Crédito: Divulgação

No episódio da semana do videocast Chá de Canela, o chef e padeiro Felipe Castanho discutiu como a COP30 deve influenciar a agenda gastronômica da Amazônia nos próximos anos. À frente da Nauta, Padaria Artesanal, em Belém, e referência na valorização dos ingredientes regionais, Castanho analisou movimentos que já vinham ganhando força e que agora devem se consolidar de vez.

Para o chef, a demanda global por alimentos com menor impacto ambiental será cada vez mais determinante. Consumidores buscam cadeias produtivas com menor emissão de carbono e querem saber a origem do que consomem.
“As pessoas estão muito mais interessadas em saber de onde vem o produto, quem plantou, quem colheu. A rastreabilidade virou prioridade”, aponta.

Essa mudança, segundo ele, deve impactar diretamente pequenos e grandes produtores da região, incentivando práticas mais transparentes e sustentáveis.
Ingrediente regional no centro do prato.

Castanho destaca que a busca por sabores autênticos da Amazônia vem crescendo, e a COP30 apenas reforça essa tendência. Turistas, afirma ele, chegam cada vez mais interessados em experimentar produtos locais. “Os clientes perguntam: ‘O que vocês têm da região?’ Eles querem provar o que é nosso”, conta.

O chef defende que cozinheiros e produtores aproveitem esse interesse para reforçar a identidade gastronômica amazônica. Outro termo que deve moldar o futuro da gastronomia é a bioeconomia. O chef lembra, por exemplo, da instalação recente de uma estrutura dedicada ao tema no Porto Futuro, em Belém.

Mais do que um conceito, ele acredita que a bioeconomia precisa ser incorporada à prática, investimentos, políticas públicas, incentivo fiscal e segurança jurídica são fundamentais para que a floresta em pé seja reconhecida como um ativo econômico real.

Além disso, ele reforça a importância de modelos regenerativos que fortaleçam comunidades tradicionais. “Apoiar povos locais faz toda a diferença. Temos que valorizar os saberes ancestrais que carregamos”, destaca.

Para Castanho, o momento é de afirmação. Ele defende que os profissionais da cozinha assumam o protagonismo da identidade amazônica e trabalhem ingredientes regionais com responsabilidade.

Para ele, a COP30 marca um ponto de virada, não por inaugurar novas tendências, mas por impulsionar práticas que já vinham sendo construídas por chefs, produtores e comunidades da região.

Felipe Castanho
Chef e padeiro, Felipe Castanho é um dos nomes mais expressivos da nova cena gastronômica do Norte do país. Iniciou sua trajetória em 2013 no Remanso do Bosque, em Belém, introduzindo pães de fermentação natural quando o tema ainda era incipiente no Brasil. Com passagens por Copenhague, Portugal, Escola Levain e Padaria da Esquina, desenvolveu uma linguagem própria que une técnicas clássicas a ingredientes amazônicos como jambu, cupuaçu, queijo cuia, maniva e açaí.

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