Embora o Brasil registre avanços na inclusão feminina nos setores de Finanças e Tecnologia, a realidade na região Norte ainda é marcada por desafios estruturais e baixa presença em áreas de alto impacto. O protagonismo das mulheres na região se destaca principalmente no empreendedorismo de pequeno porte e no setor público, enquanto a inserção em grandes empresas de tecnologia e finanças permanece limitada.
De acordo com levantamento citado pela FESA Group, mulheres já ocupam 34% dos cargos de liderança em bancos e fintechs no país. No entanto, esse avanço se concentra sobretudo nas regiões Sudeste e Sul. No Norte, a presença feminina em postos estratégicos de finanças ainda é incipiente, refletindo um cenário onde faltam grandes centros financeiros e tecnológicos e onde o acesso à capacitação de ponta ainda é desigual.
Segundo dados da Brasscom, a participação feminina no setor de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) vem crescendo nacionalmente, 7,7% ao ano entre 2020 e 2023, mas a região Norte continua abaixo da média em diversos indicadores. A representatividade feminina em TIC no Norte está mais visível em iniciativas locais e empreendimentos próprios, e menos em grandes empresas de tecnologia.
“O protagonismo feminino no Norte se expressa em negócios próprios, cooperativas e funções públicas, mas ainda não tem o mesmo peso em estruturas corporativas robustas ou na inovação tecnológica em larga escala”, aponta análise da Brasscom.
O contraste é nítido quando se observa outras regiões, como o Sudeste, onde estados como São Paulo já contabilizam mais de 522 mil investidoras cadastradas na B3. No Norte, não há dados públicos com o mesmo grau de detalhamento, mas o número de mulheres investidoras e em posições de comando no setor financeiro é consideravelmente menor, segundo especialistas do setor.
Ainda assim, iniciativas de formação técnica e digital podem transformar esse cenário nos próximos anos. Programas como o “Mulheres para a Tecnologia Brasileira”, realizado pelo MEC em parceria com a Huawei, já beneficiam regiões vizinhas, como o Nordeste, e indicam a possibilidade de replicação no Norte.
Desigualdades estruturais e o futuro da inclusão
Para Kelvia Carneiro, presidente da instituição de pagamentos Cactvs, é preciso enxergar a inclusão feminina como um compromisso estratégico de longo prazo. “Ainda existe um descompasso claro entre o potencial das mulheres e as oportunidades oferecidas nos setores financeiro e tecnológico. O grande desafio agora é romper barreiras estruturais e criar condições reais para que mais mulheres cheguem ao topo”, afirma.
Estudos como os da McKinsey e da S&P Global reforçam que a presença feminina em cargos de liderança está diretamente associada a melhores desempenhos financeiros, inovação e governança. Para o Norte, isso representa uma oportunidade econômica e social ainda pouco explorada.


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