A menopausa é um marco natural na vida da mulher, mas os sintomas que acompanham essa fase ainda são pouco falados — ou até mal compreendidos. Mais do que calores e fim da menstruação, ela pode trazer mudanças físicas e emocionais profundas. Para entender melhor esse processo, conversamos com o Dr. Adriano Faustino, nutrólogo e diretor da Sociedade Brasileira de Medicina da Longevidade (SBML), defensor de uma abordagem integrativa para tratar os efeitos da menopausa com mais eficiência e individualidade.
Sintomas: cada mulher sente de um jeito
A queda hormonal não acontece da mesma forma para todas. O corpo feminino tem receptores de hormônios em praticamente todos os tecidos, o que explica sintomas tão variados, como:
- Ondas de calor (fogachos), principalmente à noite;
- Pele e cabelos mais ressecados e frágeis;
- Ganho de gordura abdominal;
- Alterações de humor e maior risco de depressão;
- Dores articulares e insônia.
“Além da genética, o estilo de vida e a alimentação influenciam diretamente como o corpo lida com a menopausa”, explica Dr. Faustino.
A pele fala (e sente)
O ressecamento da pele e das mucosas é um dos sintomas mais comuns — e incômodos. “Muitas mulheres relatam rachaduras nas mãos, sensibilidade aumentada, maquiagem craquelando. Na região íntima, pode haver dor durante o ato sexual”, diz o médico.
As recomendações vão desde boa hidratação e alimentação rica em gorduras boas, até reposição de colágeno, vitaminas e, quando necessário, hormônios.
Cabelos mais frágeis
A saúde capilar também sofre: os fios ficam mais finos, quebradiços e porosos devido à queda dos estímulos hormonais. Tratamentos podem incluir suplementação de proteínas, minerais e terapias injetáveis que estimulam os folículos.
Alergias e sensibilidades aumentadas
Sensibilidade a perfumes, bijuterias, produtos de limpeza ou maquiagem? Pode ter relação com a menopausa. Segundo o especialista, o intestino também entra na equação: alterações na microbiota intestinal podem agravar reações inflamatórias e alergias.
“Modular o intestino, ajustar a vitamina D e usar probióticos são medidas importantes, além de considerar reposição hormonal em alguns casos”, afirma.
Humor e energia em queda
A queda hormonal afeta neurotransmissores como a dopamina e pode desencadear oscilações de humor, irritabilidade e até depressão. A medicina integrativa foca em reequilibrar corpo e mente com suplementação, melhora do sono, alimentação e intervenções hormonais seguras.
Atividade física e disciplina
A prática de exercícios é essencial, mas a disposição nem sempre acompanha. “Motivação é fazer quando se tem vontade. Disciplina é fazer mesmo sem. Atividade física precisa entrar na rotina como um hábito de saúde, não como algo opcional”, diz o médico.
Começar com atividades prazerosas e manter a regularidade são pontos-chave.
Peso e autoestima: não é o fim
Com o metabolismo mais lento e a tendência ao acúmulo de gordura abdominal, muitas mulheres enfrentam queda na autoestima. Mas Dr. Faustino reforça: é possível, sim, reverter esse cenário com alimentação adequada, atividade física e equilíbrio hormonal.
“Não existe fórmula mágica, mas sim consistência e escolhas certas. A menopausa não precisa ser um fim, pode ser um recomeço com mais consciência e saúde”, conclui.
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