Meninos para a direita, homens para a esquerda
Colunistas Vanessa Pinheiro

Meninos para a direita, homens para a esquerda

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Aquele papo sobre “separar meninos dos homens” sempre foi usado como uma espécie de prova de fogo. Como se a juventude inconsequente desse lugar à maturidade. Mas essa passagem não é tão linear assim. E nem sempre chega para todos, vamos combinar…

É como se o primeiro passo fosse superar a energia de quem não está “nem aí” para nada. Tipo em “Running Free”, do Iron Maiden, um hino que celebra a rebeldia como forma de identidade, quando ser “menino” — afinal, o personagem tem só 16, uma caminhonete, sem dinheiro, sem sorte — significa experimentar a vida tão rápido quanto os riffs de Dave Murray.

Misturado a tudo isso, vem a pressão para engolir o choro. Afinal, já dizia o The Cure, “Boys Don’t Cry”. Aqui, ser “homem” significa negar a dor, sufocar os sentimentos e vestir uma máscara de indiferença. Mas tudo com uma melodia alegre, para contrastar com o amargor de amadurecer. Para muitos, é nessa fase que as duas pílulas são oferecidas, mas isso é papo para outro dia.

Crescer e aparecer

A gente, que já passou dos 30, foi ensinado que a meta de vida era “uma casinha, um carro à prestação”, como bem ironizou Raul Seixas em “Quando Você Crescer”. A recusa de se tornar “adulto” nos moldes da sociedade pode ser a maior prova de maturidade. Separar meninos de homens pode significar separar os que se conformam dos que preservam a sua essência. E é “melhor uma esposa ao invés de uma amante”, mesmo. A mão de marcar @ chega treme.

Por outro lado, Dorival Caymmi canta, em “O Vento”, que a maturidade é a serenidade de entender que o tempo passa e a vida se renova. Na voz e violão, quase como um canto ritualístico, se percebe a calma de quem aprendeu que perder também é viver. Não é resignação, mas sabedoria, que vem com o tempo. Ou o vento.

Por fim, “Sinal Fechado”, de Paulinho da Viola, completa a jornada com (mais) uma dose de realidade. O reencontro rápido em meio ao caos do cotidiano simboliza a vida marcada por distâncias, pressa e silêncios. Uma canção melancólica que reflete o peso da vida. Um clássico daquelas décadas sombrias.

E agora?

Mas tem sempre uma alternativa otimista. Porque ser adulto, ou ser humano, é abraçar a liberdade de amar, aceitar diferenças e viver sem preconceitos. Tipo em “Toda Forma de Amor”, de Lulu Santos. Para esta que vos escreve, é aqui, realmente, onde a gente reconhece homens, mulheres, pessoas que cresceram. Afinal, “não desejamos mal a quase ninguém”.

No fim das contas, é um grande “não seja coolzão”.

Esse papo começou lá no podcast Chá de Canela, que vai ao ar ao vivo toda terça-feira, às 19h, no YouTube. Confere o papo com Thiago Costa.

Vanessa Pinheiro

Colunista
Vanessa Pinheiro é jornalista e apaixonada por música. (Quase) sempre de fone de ouvido, explorando o universo sonoro sem rótulos: de clássicos lendários a descobertas recentes. Um mergulho nas histórias, influências e na emoção que faz um acorde vibrar mais fundo.
    • 1 mês ago

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