Maquiagem é inimiga da mulher amazônida?
Colunistas Gabi Gutierrez

Maquiagem é inimiga da mulher amazônida?

Crédito: Canva/Reprodução

É quase um consenso por aqui: tem gente que jura que maquiagem e clima amazônico são como ex-namorados tóxicos — não se dão bem e, quando tentam ficar juntos, o fim é sempre dramático. Mas será que a maquiagem é mesmo inimiga das amazônidas? Ou será que estamos só escolhendo os aliados errados na prateleira?

A primeira coisa que precisamos aceitar é que moramos em um país tropical. Nada contra as bases super grossas que fazem sucesso no inverno europeu, mas, se você passar uma dessas em Belém no mês de agosto, o resultado pode ser pior que sombra preta mal esfumada. Até o que funciona no Sudeste, tipo em São Paulo, pode não funcionar por aqui.

O que segura no friozinho da garoa paulistana não sobrevive a 5 minutos do nosso “calorzão” acompanhado daquela umidade que faz até o cabelo mudar de personalidade.

Segundo a maquiadora Paola Di Mônica, da equipe do C. Kamura, o segredo não é evitar maquiagem, e sim adaptar. A preparação da pele é o ponto de partida: limpeza, hidratação e protetor solar são quase como o açaí de todo dia — indispensáveis. Depois disso, primers e bases levinhas, de longa duração e resistentes à água, podem fazer toda a diferença. Pense neles como seu guarda-chuva na temporada de chuvas repentinas: não vão impedir que o céu desabe, mas vão te proteger até o fim do dia.

E já que falamos de rotina amazônica, nada mais justo que comparar o rímel à prova d’água a um bom tênis no período de alagamento: não tem como viver sem. Sabe aquele medo de sair linda e voltar borrada, como se tivesse chorado assistindo novela mexicana? Esquece! Os produtos certos estão aí justamente pra segurar a dignidade mesmo quando o corpo insiste em lembrar que estamos vivendo dentro de uma sauna natural.

A ciência confirma o que sentimos na pele. Um estudo publicado no PubMed analisou como a umidade e temperatura afetam a permeação de substâncias pela pele — o que significa: se sua base ou primer não foi formulado considerando alta umidade, pode perder eficiência rapidamente. Em outras palavras, não é drama: é bioquímica.

Outro dado importante vem de pesquisas que analisam a correlação entre medidas técnicas de textura, espalhabilidade, estabilidade de formulações cosméticas e a percepção real de quem usa.

Em resumo: certos ingredientes e veículos têm mais chance de resistir ao suor, ao calor e à umidade. Já outros derretem na primeira lufada de vento quente.

E, pra completar, há ainda os estudos de rheologia (o comportamento físico das fórmulas), mostrando que vulnerabilidades às altas temperaturas e à umidade são reais: separação da emulsão, mudança de viscosidade, derretimento. Ou seja, aquele produto que escorre não é só azar — pode ter a ver com como ele foi formulado, testado e até armazenado.

A boa notícia é que o mercado nacional já entendeu isso. Hoje temos bases resistentes ao calor amazônico que cabem no bolso e dão dignidade até no auge do sol das onze. A Base Líquida Niina Secrets Hidra Glow, por exemplo, é indicada para peles mistas a oleosas e garante boa duração mesmo em contato com calor e umidade. Outra opção nacional clássica é a BT Skin, da Bruna Tavares, que costuma ser comparada às importadas quando o assunto é fixação.

No fim das contas, maquiagem não é inimiga das amazônidas. O que acontece é que, muitas vezes, insistimos em usar coisas que não foram feitas para a nossa realidade. É como vestir casaco de lã por aqui. Não faz sentido!

Então, antes de decretar guerra contra a make, vale testar, pesquisar e, principalmente, adaptar. Porque, sim, dá pra sair de casa maquiada, enfrentar o calor, a umidade, a chuva que cai do nada e ainda chegar no fim do dia com batom no lugar. No fundo, a maquiagem só quer ser nossa parceira — a gente só precisa aprender a falar a língua dela na Amazônia.

Gabi Gutierrez

Colunista
Sou jornalista, nortista e completamente apaixonada por maquiagem. Acredito que ela tem que ser simples, acessível e possível pra todo mundo — por isso sou fã da democratização e da desburocratização da make. Aqui, nada de regras complicadas ou preços impossíveis: eu valorizo os produtos nacionais, truques práticos e soluções que resistem à nossa ‘brea’. Porque maquiagem não precisa ser inimiga de ninguém — muito pelo contrário.

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