Por trás da história das biobolsas da ANACOR, existe uma história de afeto, herança familiar e reconexão com as próprias raízes. A marca fundada pela jovem artesã Natália Benmuyal, 23 anos, nasceu de uma trajetória marcada pela criatividade compartilhada com a mãe e, hoje, encontra na floresta amazônica não apenas matéria-prima, mas também identidade.
A paixão de Natália pelo trabalho artesanal começou cedo, e tem a mãe como grande inspiração. Ela recorda as tardes da infância passadas customizando vestidos para as festas juninas da escola. “Minha mãe comprava um vestido básico e, com fitas, rendas e laços, a gente criava juntas uma peça tão bonita e única quanto as mais caras”, relembra.
Essas memórias moldaram seu olhar para o fazer manual, que hoje sustenta sua produção. Não por acaso, a mãe continua presente, é ela quem reforça a equipe em períodos de grande demanda, mantendo vivo o caráter familiar da criação.
A ANACOR surgiu quando Natália tinha apenas 19 anos. Ao lado da irmã, decidiu criar uma marca de moda-festa, inspirada no estilo das duas. Enquanto Natália desenhava, contava com as orientações da mãe e com o trabalho de costureiras e modelistas. O projeto prosperou, mas com a mudança da família de volta para Belém, tornou-se difícil administrar tudo à distância.

A marca foi descontinuada, mas não esquecida. Natália sabia que, um dia, queria resgatar esse projeto, mas com um novo propósito, algo que traduzisse sua relação com o Pará.
O retorno ao estado natal marcou o renascimento da ANACOR. Com a família reassumindo o terreno do avô, onde se cultiva açaí, Natália passou a acompanhar mais de perto o processo produtivo do fruto. E foi ali, observando montes de caroços descartados, que uma ideia começou a germinar.
Ao perguntar ao pai sobre o destino daqueles resíduos, ouviu que eram usados na produção de biojoias. A partir daí, a conexão se fez unir moda, sustentabilidade e Amazônia.
Natália lembrou que já havia criado, anos antes, uma bolsa de miçangas inspirada em um modelo que estava em alta. “Pensei, por que não fazer o mesmo usando as sementes da Amazônia?”, conta.
Hoje, a nova ANACOR se dedica à criação de biobolsas artesanais produzidas com sementes amazônicas como tento, paxiúba, açaí e olho de boi, além de contas de madeira em diferentes tons. Cada peça é confeccionada 100% à mão, trabalho minucioso que ocupa, em média, sete horas por bolsa, podendo chegar a ainda mais tempo nas peças mais complexas.
Natália não só desenha como executa todo o processo. Tornou-se oficialmente artesã, com carteirinha do Programa do Artesanato Brasileiro, e faz questão de preservar a singularidade de cada criação.
O resultado são bolsas que carregam o luxo do feito à mão, a força da sustentabilidade e a expressão artística de uma mulher que transforma resíduos da floresta em moda contemporânea.
Um nome que nasce da família
O nome ANACOR esconde uma história afetiva. Ele é, na verdade, ROCANA ao contrário, sigla criada pela mãe de Natália a partir dos nomes das três: RObida, CArolina e NAtália.
“Era um nome carinhoso que usávamos entre nós. Quando inverti as sílabas, soou bem e manteve esse segredo afetivo”, explica. O lado curioso? Muitos acreditam que a fundadora se chama Ana, algo que ela encara com bom humor.
A nova fase da ANACOR é, como Natália define, um retorno às origens, à terra, à família e ao fazer manual. Suas biobolsas representam uma moda que respeita processos, valoriza o território e dá novos significados à matéria-prima amazônica.
Quem quiser conhecer mais sobre a marca pode visitar o Espaço São José Liberto ou acompanhar o trabalho pelo Instagram @anacorboutique.


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